Os dias que antecedem a vinda de Jesus foram descritos por Jesus e pelos seus apóstolos como tempos de apostasia generalizada, ódio aos cristãos, aumento da iniquidade e esfriamento do amor. (Mt 24.9-12; 1 Tm 4.1-3; 2 Pe 2; Jd 1). O apóstolo Paulo, em sua segunda Epístola a Timóteo, descreveu as características dos últimos dias:
"Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te." (2Tm 3.1-5).
A expressão "últimos dias", usada pelo apóstolo Paulo, pelo profeta Joel e por outros, não se refere apenas aos dias imediatamente anteriores à vinda de Jesus, mas a todo o período desta dispensação, que vai desde a ascensão de Jesus até o arrebatamento da Igreja (Jl 2.28; At 2.16-21; 1Tm 3.1; Hb 1.2). O fato de Paulo recomendar a Timóteo que se afastasse das pessoas que vivem nas práticas pecaminosas por ele citadas, indica que isso já estava acontecendo em seus dias.
Paulo elaborou uma lista com dezoito práticas pecaminosas, que demonstram o aumento assustador da iniquidade, como consequência do afastamento de Deus. O primeiro pecado desta lista é o egoísmo (homens amantes de si mesmos). De fato vivemos uma época de egoísmo extremo, onde as pessoas só pensam em si mesmas e são indiferentes ao sofrimento alheio. O mais triste é saber que este comportamento está presente também no meio da Igreja.
Na sequência, o apóstolo cita o materialismo (pessoas avarentas). Escrevendo aos Efésios, Paulo disse que a avareza é uma espécie de idolatria (Ef 5.5). De fato, quem ama o dinheiro é capaz de fazer qualquer coisa para obtê-lo: mata, rouba, sequestra, trai, nega a Deus, etc. Paulo escreveu também que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (1Tm 6.10).
Em terceiro lugar vem a presunção (presunçosos). A presunção consiste em superestimar a si mesmo e aos próprios feitos. É uma opinião demasiadamente boa e lisonjeira sobre si mesmo. Os presunçosos são narcisistas, pois sentem necessidades constantes de serem elogiados, reconhecidos e recompensados pelo que supostamente fazem. É um sentimento antagônico ao Cristianismo.
Na mesma linha dos presunçosos, vem os soberbos, que se consideram superiores aos demais e acham que não precisam de ninguém, nem de Deus. Este foi o pecado do querubim ungido, que estava no Céu, se rebelou contra Deus, foi expulso e transformou-se em Satanás. Sendo criatura de Deus, devido à beleza e importância que ele achava que possuía, quis ser igual a Deus (Is 14.12-15; Ez 28.13-19).
Em quinto lugar está o pecado da blasfêmia. O termo grego "blasfêmia" significa linguagem injuriosa, difamatória ou ultrajante, não apenas contra Deus, mas também contra o nosso próximo. Portanto, "blasfemos" neste texto não são apenas os que proferem insultos contra Deus, são também os que agridem com palavras, caluniam e difamam outras pessoas. Atualmente, esta prática é muito abundante, principalmente nas redes sociais.
Neste mesmo grau estão os caluniadores, que inventam mentiras contra o próximo; os irreconciliáveis, que são implacáveis e rejeitam a conciliação; os traidores, que não cumprem o que prometeram e abandonam pessoas que estão em perigos; os cruéis, que são desprovidos de qual civilidade e indomáveis como animais selvagens; os obstinados, que não medem as consequências para atingir os seus objetivos; os ingratos, que não tem nenhum sentimento de gratidão a Deus ou ao próximo, pois acham que são merecedores e todos tem a obrigação de ajudá-los; os que são inimigos dos bons, que são pessoas que preferem os maus e prejudica as pessoas que fazem o bem; os profanos, que desprezam ou consideram comuns as coisas sagradas.
A lista de pecados cita também os incontinentes que são aqueles que nunca se satisfazem e cometem o pecado da glutonaria, que é uma das obras da carne (Gl 5.19-21). Este pecado não se refere apenas à comida, como muitos imaginam, mas a todo tipo de apetite descontrolado. Nesta mesma categoria estão os que são mais amigos dos prazeres que de Deus. São pessoas que se tiverem que escolher entre a Palavra de Deus e os prazeres da carne, ficam com a segunda opção. Infelizmente, há muitas pessoas nestas condições, pensando em “aproveitar a vida” e somente quando envelhecer, buscar a Deus.
Temos ainda nesta lista os que não têm afeto natural e os que são desobedientes aos pais. São pessoas que desprezam os vínculos familiares e a autoridade dos pais. A obediência e honra aos pais é o primeiro mandamento com promessa, que é a promessa de viver bem e ter longevidade. Infelizmente em nossos dias, as relações familiares têm sido banalizadas, até por aqueles que deveriam defendê-las. Muitos jovens têm perdido a vida muito cedo, por desprezar e desonrar os pais.
Em um mundo assim, se a Igreja não estiver preparada, não subsistirá. Este preparo envolve o revestimento de toda a armadura de Deus, descrita pelo mesmo apóstolo Paulo, na Epístola aos Efésios 6.10-18: Cinto da Verdade, couraça da justiça, preparação do Evangelho da Paz, escudo da fé, capacete da salvação, espada do Espírito (que é a Palavra de Deus), oração contínua com súplica no Espírito e vigilância constante.
WELIANO PIRES é bacharel em teologia, articulista, blogueiro evangélico, professor da Escola Bíblia Dominical e evangelista da Assembléia de Deus, Ministério do Belém em São Carlos-SP.
Comentários: