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Sexta-feira, 03 de Outubro de 2025

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Netanyahu aprova plano de cessar-fogo de Trump

Em reunião com o presidente dos EUA, ele aceitou os 21 pontos, que incluem o retorno dos reféns e um Conselho da Paz sem a presença do Hamas

Netanyahu aprova plano de cessar-fogo de Trump
Reprodução/Instagram Benjamin Netanyahu
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O encontro entre o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta segunda-feira, 29, na Casa Branca, em Washington, resultou na aprovação do acordo para cessar-fogo na Faixa de Gaza, elaborado por Trump e sua equipe. Netanyahu confirmou que a proposta foi aceita por Israel.

Na coletiva depois da reunião, Trump foi enfático ao declarar que, se o grupo terrorista Hamas, autor dos ataques de 7 de outubro, rejeitar o plano, Israel terá o “apoio total” dos EUA para “fazer o que for preciso” para destruir a ameaça do terror e “terminar o trabalho”. Neste momento, Israel realiza intensa incursão na Cidade de Gaza, da Faixa de Gaza.

A conversa, de cerca de três horas e meia, fluiu com certa facilidade devido à preparação para a reunião durante o fim de semana. Trump e seus assessores, Jared Kushner e Steve Witkoff, passaram os últimos dias detalhando os 21 itens do plano.

Entre as questões definidas estão a libertação dos reféns em 72 horas (depois da efetivação do acordo, que ainda depende do sim do Hamas), o estabelecimento de um cessar-fogo duradouro e a definição de uma administração e arranjos de segurança que retirem o poder do grupo terrorista em Gaza.

“Estamos, no mínimo, muito, muito próximos [da paz]”, afirmou Trump na coletiva. “E eu acho que estamos além de muito próximos. E quero agradecer a Bibi por realmente se envolver e fazer um bom trabalho.”

Netanyahu não abria mão da soberania na Cisjordânia. E também era contrário à criação de um Estado palestino, questões que não foram totalmente definidas na negociação. O que o plano prevê é a oportunidade de a população de Gaza retornar e participar da reconstrução da região, de acordo com a combinação.

A nova administração terá a supervisão de um órgão internacional transitório, o Board of Peace (Conselho da Paz), presidido por Donald Trump, com outros membros e chefes de Estado a serem anunciados. O ex-primeiro-ministro Tony Blair, do Reino Unido, é um deles.

O Conselho da Paz vai monitorar e dar respaldo ao novo governo de Gaza, também transitório, administrado por um comitê palestino técnico e apolítico, que fará a gestão de questões rotineiras, como serviços públicos. Integrarão o comitê palestinos qualificados e especialistas internacionais.

O Catar, país aliado dos EUA e ao mesmo tempo interlocutor do Hamas, teria garantido que o grupo terrorista iria se desarmar a partir da trégua. A garantia partiu de conversa com o emir do país, Sheikh Tamim bin Hamad Al-Thani, que havia exigido retaliações contra Israel depois do ataque israelense a Doha, que alvejou líderes do Hamas, em 9 de setembro. Netanyahu se desculpou, por telefone, com o ataque ao território catari, em conversa com Al-Thani.

Netanyahu sofrerá pressão de religiosos por aderir a plano dos EUA

Netanyahu permaneceu nos EUA depois da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas, na qual discursou na sexta-feira, 26. Durante esse período, as equipes dos dois países analisaram os vários aspectos da proposta, a fim de integrá-la em um acordo aceito também por Israel.

Ainda no domingo 28, Netanyahu admitiu que analisava todos os pontos, mas que ainda não havia a aprovação de Israel. Trump, no entanto, demonstrou otimismo. “Temos uma chance real de grandeza no Oriente Médio”, destacou. “Todos estão a bordo para algo especial.”

Apoiado por partidos ortodoxos em Israel, Netanyahu sofreu pressões para rejeitar o acordo. Na busca de se manter no governo, ele muitas vezes evitou abrir algumas concessões, o que, segundo opositores, impediu o cessar-fogo e o retorno dos reféns.

O impasse o levou a perder o apoio parcial de dois partidos religiosos: o Shas e o Judaísmo Unido da Torá (UTJ). Ambos, porém, continuaram votando junto com o governo, tendo apenas descartado participar da distribuição de cargos, o que evitou o colapso da aliança. Ele ainda mantém 61 das 120 cadeiras do Knesset.

Desta vez, o primeiro-ministro acabou por arriscar a sua própria permanência no cargo, em função da pressão internacional, dos EUA e de países que já reconheceram o Estado palestino, para chegar a um acordo. Analistas observaram que a pressão da Casa Branca pode testar a coesão da coalizão. Mas deverá, em troca, garantir um período de paz.

FONTE/CRÉDITOS: Revista Oeste

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