Portal Sal da Terra

Segunda-feira, 20 de Outubro de 2025

Notícias Geral

China amplia controle sobre níquel no Brasil após compra de minas em GO

China amplia controle sobre níquel no Brasil após compra de minas em GO
Anglo American
Use este espaço apenas para a comunicação de erros nesta postagem
Máximo 600 caracteres.
enviando

A Anglo American concluiu a venda de suas minas de níquel no Brasil para a MMG, subsidiária da estatal chinesa China Minmetals, pelo valor de US$ 500 milhões, decisão que já gerou críticas e questionamentos. A reportagem é do Poder360 e da Folha de SP.

O níquel é o quinto elemento mais comum na Terra. Estima-se que as reservas conhecidas durarão mais 100 anos com as taxas de produção atuais. Ele ocorre em sulfetos encontrados no subsolo e em lateritas, que podem ser extraídas em minas a céu aberto.

A maior parte do aço inoxidável contém cerca de 8 a 10% de níquel. Esse material é referência para o design e construções de alta tecnologia. Cerca de dois terços de todo o níquel refinado produzido é utilizado pela indústria de aço inoxidável.

A transação inclui os complexos de Barro Alto e Codemin (Niquelândia), em Goiás, além de projetos de exploração nos estados do Pará e Mato Grosso. Com o acordo, a MMG passa a controlar cerca de 60% da produção nacional de níquel, reforçando sua presença no mercado global desse insumo estratégico, utilizado em baterias, veículos elétricos e aço inoxidável.

A controvérsia surge porque a Corex Holding, vinculada ao grupo turco Yildirim e com sede na Holanda, afirma ter oferecido US$ 900 milhões pelas mesmas minas.

A empresa questionou a operação tanto no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) quanto na Comissão Europeia, alegando riscos de concentração de mercado e prejuízos à segurança do suprimento global.

Segundo a Corex, a venda “permitirá à MMG Limited, controlada em última instância pela China Minmetals Corporation, adquirir o controle da totalidade do negócio de níquel da Anglo American no Brasil”.

Embora a negociação tenha ocorrido entre empresas privadas, a Constituição prevê que os direitos de exploração mineral são concedidos pelo Estado.

Na prática, a transação representou a transferência de concessões do governo federal, anteriormente detidas por uma empresa anglo-australiana, para uma subsidiária chinesa.

O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) foi acionado para avaliar se houve violação de normas que limitam a aquisição de terras rurais por estrangeiros, considerando que os ativos se localizam em áreas sensíveis. Em ofício, o órgão alertou para riscos à soberania:

A Corex também ressaltou efeitos para o mercado brasileiro. Segundo a empresa, a redução de fornecedores independentes pode restringir opções de compra, afetando preços, prazos de entrega e confiabilidade no fornecimento. O documento ainda fala em “ameaça concreta à estabilidade e competitividade dos mercados a jusante no Brasil”.

A transação repercutiu internacionalmente. Nos Estados Unidos, o AISI (Instituto Americano do Ferro e do Aço) pediu ao governo do presidente Donald Trump que pressione o Brasil para reavaliar o acordo, alegando que a operação fortalece a dependência global da China em minerais críticos.

Além disso, a Corex afirmou em petição à União Europeia que a venda contribui para reduzir a dependência da região de capacidades de refino concentradas, especialmente em meio a desafios geopolíticos e de mercado. A empresa alerta que, após a operação, entidades controladas pelo governo chinês poderiam representar até 60% do fornecimento global de níquel, um domínio capaz de provocar impactos significativos na dinâmica do mercado internacional.

FONTE/CRÉDITOS: Direita Online

Veja também